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Polibotánica

versão impressa ISSN 1405-2768

Polibotánica  no.34 México Ago. 2012

 

Uso de recursos vegetais da Caatinga em uma comunidade rural no Curimataú Paraibano (nordeste do Brasil)

 

The Caatinga plant resource use in a rural community in Curimataú Paraíba (northeastern Brazil)

 

El uso de los recursos vegetales de la Caatinga en una comunidad rural en Curimataú Paraíba (nordeste de Brasil)

 

Reinaldo Farias Paiva de Lucena1, Taíza da Cunha Soares2, Carlos Frederico Alves de Vasconcelos Neto1, Thamires Kelly Nunes Carvalho1, Camilla Marques de Lucena1 e Rômulo Romeu da Nóbrega Alves2

 

1 Universidade Federal da Paraíba. Correo electrónico: reinaldo@cca.ufpb.br

2 Universidade Estadual da Paraíba, Paraíba, Brasil.

 

Recibido: 18 mayo 2011.
Aceptado: 17 mayo 2012.

 

Resumo

O presente estudo buscou realizar um inventário de plantas úteis em uma área da Caatinga localizada no município de Soledade (Nordeste, Brasil). A pesquisa foi realizada em duas etapas, na primeira foi feito um inventário fitossociológico em fragmentos dessa vegetação próximos à comunidade, para identificar as espécies, e na segunda um levantamento etnobotânico por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas com 33 informantes de ambos os sexos, com o intuito de investigar o conhecimento destes acerca dos usos atribuídos às plantas. Um total de 101, das quais 84 são consideradas úteis pela comunidade. Foram distribuídas em nove categorias de uso (forragem, medicinal, tecnologia, construção, alimento, combustível, veterinário, veneno-abortiva outros). Dentre estas as mais relevantes com relação ao número de espécies inclusas foram as categorias forragem, medicinal e tecnologia, com mais de 20 espécies. O caule é a parte da planta mais utilizada, reforçando a importância dos recursos madeireiros para a comunidade. O conhecimento sobre o potencial utilitário da vegetação nativa parece estar uniformemente distribuído entre os informantes. Poucas espécies detêm alto valor de uso, enquanto a maioria apresenta valores pouco relevantes. Embora não haja uma verdadeira distinção entre o uso real e o uso cognitivo dos recursos vegetais, o registro dos saberes locais torna-se imprescindível porque os conhecimentos das populações são fundamentais para o estabelecimento de técnicas de uso e manejo desses recursos, que minimizem a ação antrópica sobre a biodiversidade da Caatinga, de modo que, as potencialidades desse bioma possam ser usufruídas pelas gerações futuras.

Palavras chave: Caatinga, etnobotânica, valor de uso, saberes locais.

 

Abstract

This study sought to identify the potential utility of native speciesin the Caatinga area in the municipality of Soledade (Northeastern Brazil). The survey was conducted in two stages, first a phytosociological inventory was carried out in fragments of vegetation next to the community to identify the species, then an ethnobotanical survey was conducted using structured interviews with 33 informants of both sexes in order to investigate their knowledge about the attributed uses to plants. A total of 101 species were identified, and 84 of those were considered useful by the community. Reported species were divided into nine categories of use (forage, medicine, technology, construction, food, fuel, veterinary, poison-arbotive, others), among which the most relevant in terms of number of species were the categories of fodder, medicine and technology, with over 20 species each. The leaf is the plant part most used, followed by wood and bark, reinforcing the importance of timber resources to the community. Knowledge about the potential utility of native vegetation appears to be evenly distributed among the informers. Few species are highly valued, while most have marginal use values. Although there is no real distinction between use and cognitive use of plant resources, it is indispensable to report knowledge on plant-use. These traditional knowledge and practices are essential to establish techniques and for sustainable use and management of these resources, in order to minimize the human action on the biodiversity of the Caatinga, for the potential of this biome can be enjoyed by future generations.

Key words: Caatinga, ethnobotany, use value, local knowledge.

 

Resumen

Este estudio trata de determinar la utilidad potencial de especies nativas en un área de Caatinga en el municipio de Soledade (Nordeste de Brasil). El trabajo se realizó en dos etapas. Primero se llevó a cabo un inventario fitosociológico en los fragmentos de vegetación acerca de la comunidad para identificar las especies, y después se condujo un estudio etnobotánico usando entrevistas semiestructuradas con 33 informantes de ambos sexos para investigar sus conocimientos acerca de los usos atribuidos a las plantas. Un total de 101 especies fueron identificadas, 84 del total fueron considerados útiles para la comunidad. Además los taxa inventariados fueron divididos en nueve categorías de uso (forraje, medicina, tecnología, construcción, alimentos, combustible, veterinario, veneno-arbotivo, otros), entre los cuales las más relevantes en cuanto al número de especies incluidas fueron las categorías de forraje, medicina y tecnología, con más de 20 especies. La hoja es la parte de la planta más utilizada, seguida de la madera y la corteza, lo que refuerza la importancia de los recursos madereros de la comunidad. El conocimiento sobre la utilidad potencial de la vegetación nativa parece estar distribuido uniformemente entre los informantes. Pocas especies tienen un alto valor de uso, mientras que la mayoría presentan valores de uso marginales. Aunque no exista una verdadera distinción entre uso y uso cognitivo de los recursos vegetales, conocer y tener en cuenta el conocimiento local es indispensable para establecer las técnicas de uso y manejo de estos recursos, a fin de minimizar la acción humana sobre la biodiversidad de la Caatinga, para que el potencial de este bioma pueda ser disfrutado por las generaciones futuras.

Palabras clave: Caatinga, etnobotánica, valor de uso, conocimientos tradicionales.

 

INTRODUÇÃO

A Caatinga, uma vegetação típica do Nordeste brasileiro, ocupa uma área com cerca de 844.453 km2 (IBGE, 2004) e caracteriza-se por longas estações secas e chuvas irregulares. Publicações recentes identificaram a ocorrência de 932 espécies de plantas, dos 18 gêneros de espécies lenhosas e suculentas descritas, 318 espécies são endêmicas (Giulietti et al., 2004). Segundo Tabarelli & Vicente (2004) o número real de biodiversidade da Caatinga, é provavelmente ainda maior, uma vez que, os estudos ainda são escassos e muitas áreas nunca foram investigadas.

Cerca de 25 milhões de pessoas vivem na Caatinga, e muitas populações dependem do uso dos recursos oferecidos por esta (Araújo et al., 2007; Alves et al., 2008). A utilização de tais recursos é determinada pela sazonalidade climática, em virtude dessa região possuir suas estações bem definidas, tendo um período de seca bem determinado, no qual as pessoas encontram a sua disposição troncos e ramos de árvores, dos quais produzem medicamentos, utensílios e materiais de construção, além da produção de lenha e carvão vegetal (Albuquerque e Andrade, 2002a,b); já na estação chuvosa, o elenco de recursos disponíveis se torna maior, como por exemplo os recursos alimentícios. E todo esse potencial utilitário da vegetação encontrada na Caatinga tem sido registrada na literatura etnobotânica (Albuquerque et al., 2005; Almeida et al., 2005; Lucena et  al., 2008; Leal et al., 2005).

As pesquisas mais recentes evidenciam as potencialidades e os padrões de uso da vegetação do semiárido, e têm demonstrado uma importante contribuição das espécies de plantas nativas para atender as necessidades locais das populações que dependem desses recursos. O conhecimento dos usos e das necessidades locais é uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento de técnicas de manejo e conservação dessas áreas Segundo Capobianco (2002), a Caatinga é uma das áreas brasileiras mais modificadas pelas atividades humanas. Albuquerque e Andrade (2002a,b) cita que, no Nordeste do Brasil, a expansão pecuária resulta na conversão de florestas em pastagens e cultivos. A intervenção antropogênica sobre esta área pode ser percebida na devastação da vegetação nativa para atividades agropastoris, extração da madeira e construção de rodovias (Castelletti et al., 2003). Assim, a conservação deste patrimônio biológico parece de extrema importância.

Diante do exposto, o presente trabalho teve por objetivo contribuir para o registro do conhecimento local recorrendo a estudos etnobotânicos desenvolvidos na bioma Caatinga e conduzindo um inventário acerca das plantas úteis presentes em uma comunidade rural localizada no município de Soledade (Paraíba, Brasil). Também se buscou determinar se há diferenças entre usos madeireiros e não madeireiros, determinando se existem categorias potencialmente mais importantes que outras.

 

MATERIAIS E MÉTODOS

Área de estudo

O trabalho foi desenvolvido na comunidade rural de Bom Sucesso, no município de Soledade, estado da Paraíba (Nordeste do Brasil) (Fig. 1). Situa-se na mesorregião do Agreste e microrregião do Curimataú Ocidental (7°03'26" de latitude sul e, 36°21'46" de longitude oeste). O município dista 186 km de João Pessoa, capital do estado (SEBRAE, 1998), limita-se ao norte com o município de São Vicente do Seridó, a leste com Olivedos e Pocinhos, a oeste com Juazeirinho e ao sul com Gurjão e Boa Vista, estando a 521 metros acima do nível do mar. Possui uma área territorial de 560 062 km2, e sua população estimada é de 13.128 habitantes (IBGE, 2007), com aproximadamente 70% da população residindo na área urbana, e 30% no zona rural. O clima é quente e seco, apresentando uma baixa precipitação pluviométrica anual, em torno de 300mm3 (SEBRAE, 1998). Possui 24.981 hectares de áreas cobertas com vegetação nativa (Silva e Sá et al., 2009).

A vegetação de Soledade é predominantemente de Caatinga hiperxerofila, típica do semi-árido nordestino (Alves et al., 2008), com predominância do tipo arbustivo-arbórea, e uma grande quantidade de cactáceas, hoje visivelmente predominantes em decorrência das grandes derrubadas de espécies arbóreas para a produção de energia, como lenha e carvão para utilização nas residências (SEBRAE, 1998).

A comunidade estudada

A comunidade rural selecionada para esse estudo foi o Distrito Bom Sucesso (Fig. 1), em virtude da facilidade de acesso, distando 21 km da zona urbana. Cerca de 28 famílias vivem na comunidade, totalizando 95 pessoas (44 do sexo masculino e 51 do sexo feminino). O distrito é estruturalmente organizado, sua divisão física é caracterizada por uma área com propriedades rurais afastadas e um aglomerado de casas dispostas em uma rua pavimentada evidenciando um aspecto de vila. Nesta, encontra-se uma Igreja Católica, uma escola de ensino fundamental, duas mercearias e um posto médico, que disponibiliza atendimento semanal as comunidades locais e circunvizinhas. A agricultura de subsistência, principalmente o cultivo de milho e feijão, e a pecuária são fontes de renda indispensáveis à comunidade (Araújo et al., 2005).

Inventário da vegetação

Para a identificação das espécies ocorrentes na região foram realizadas amostragens vegetacionais na comunidade de Bom Sucesso com a finalidade de coletar informações fitossociológicas e botânicas. Essa amostragem foi dividida em quatro áreas com fisionomias semelhantes. Em cada uma das quatro áreas selecionadas foram marcadas 25 parcelas semi permanentes de 10 m x 10 m, totalizando 100 parcelas e perfazendo uma área total de 1ha. Registraram-se todas as espécies lenhosas que apresentaram um diâmetro do caule no nível do solo (DNS) igual ou superior a três centímetros, excluindo-se cactos, bromélias, trepadeiras, lianas e pequenas herbáceas (Araújo e Ferraz, 2010). Os parâmetros fitossociológicos adotados foram área basal, valor de importância, densidade relativa, dominância relativa e frequência relativa, sendo analisados de acordo com Araújo e Ferraz (2010).

Em outro momento, foi realizada uma turnê guiada (Albuquerque et al., 2010) com alguns informantes para registrar e coletar as espécies citadas nas entrevistas, as quais não foram incluídas no inventário fitossociológico, como os cactos, bromélias e herbáceas de pequeno porte.

Inventário etnobotânico

Os dados etnobotânicos foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas, visitando-se todas as residências habitadas presentes em Bom Sucesso durante dois anos (março de 2007 a março de 2009). Para cada informante foi explicado o objetivo do estudo, e em seguida estes foram convidados a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que é solicitado pelo Conselho Nacional de Saúde por meio do Comitê de Ética em Pesquisa (Resolução 196/96). Os informantes da pesquisa foram todos os chefes domiciliares de todas as residências, considerando-se tanto o homem como a mulher, em momentos distintos. Entrevistaram-se 33 pessoas, 16 mulheres (22-74 anos) e 17 homens (31-78 anos).

O formulário utilizado nas entrevistas abordou perguntas específicas sobre as espécies conhecidas e utilizadas pelos moradores, por meio das quais se puderam conhecer as espécies úteis, bem como as categorias nas quais as mesmas são enquadradas. As categorias foram determinadas de acordo com a literatura (Phillips e Gentry, 1993a,b; Galeano, 2000; Albuquerque e Andrade, 2002a,b; Ferraz et al., 2006; Lucena et al., 2008), sendo elas: alimentação, combustível, construção, forragem, medicinal, tecnologia, veneno-abortiva, veterinária e outros usos. Dentro da categoria "outros usos" foram incluídas as espécies citadas para aplicações mágico-religiosas, ornamentação e higiene pessoal. Tal união foi realizada em virtude desses usos serem pouco expressivos na comunidade estudada.

As informações foram enriquecidas e confirmadas com a utilização de outras técnicas de investigação como a observação direta (Albuquerque et al., 2010) e a turnê guiada (Spradley e Mccurdy, 1972), que consistiu em visitas pelas casas e matas da comunidade, com dez informantes que se dispuseram em colaborar nessa etapa da pesquisa, visando assim identificar as espécies citadas nas entrevistas e coletar material para posterior identificação botânica. Os espécimes recolhidos foram processados no campo e levados para o Laboratório de Etnobotânica Aplicada para seu tratamento e incorporação no herbário. A identificação foi realizada por taxonomistas, consulta nos herbários e especialistas na área. Os vouchers encontram-se no Herbário Vasconcelos Sobrinho da Universidade Federal Rural de Pernambuco (PEUFR). Como as plantas foram coletadas em propriedades rurais particulares não foi preciso a autorização do IBAMA para tais coletas.

Análise dos dados

O valor de importância (VI) mencionado nos métodos trata-se de um parâmetro fitossociológico utilizado para analisar a vegetação local, o mesmo sendo associado com os parâmetros de densidade, frequência e dominância. Tais parâmetros foram analisado utilizando-se o programa FITOPAC. O valor de uso (VU) foi calculado para cada espécie pela fórmula proposta por Rossato et al. (1999): VU = ∑Ui/n; em que: Ui = número de citações de uso mencionados por cada informante, n = número total de informantes. O valor de uso foi dividido em classes para avaliar a quantidade de espécies que se enquadrava em cada uma, identificando dessa forma as espécies com maiores valores. Essa inforomação é importante, pois espécies com altos valores de uso podem indicar que esteja ocorrendo pressão de uso.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O inventário fitossociológico, identificou 24 espécies, sendo todas consideradas úteis pela população local, e pertencentes a 20 gêneros e 12 famílias.

Este resultado está de acordo com os obtidos em estudos similares também realizados na Caatinga e concretamente em Soledade, área de estudo do presente trabalho, sendo desenvolvido por Lucena (2009) em duas comunidades vizinhas à de Bom Sucesso, encontrou número semelhante de espécies lenhosas na vegetação, obtendo 29 espécies na comunidade Barrocas e 19 na comunidade Cachoeira. Inventários em outras áreas de Caatinga, Lucena et al. (2007), por exemplo registraram em um fragmento florestal no município de Caruaru (Pernambuco) um total de 32 espécies. Baseado nestes dados, o número de espécies inventariadas na comunidade estudada foi relativamente significativo, evidenciando que o inventário fitossociológico foi satisfatório, registrando as principais espécies arbóreas ocorrentes na caatinga.

As espécies que mais se destacaram foram Croton blanchetianus com 1854 indivíduos, Poincianella pyramidalis com 781, Aspidosperma pyrifolium com 352 e Jatropha molissima com 174. As demais espécies obtiveram menos de dez indivíduos registrados nos fragmentos de vegetação estudados na área. O predomínio dessas espécies também foi encontrado por Lucena (2009).

Em relação ao valor de importância (VI) que avalia a importância ecológica do táxon no ambiente. E, considerando apenas as espécies citadas como úteis pelos informantes de Bom Sucesso, destacam-se C. blanchetianus (115,23), P. pyramidalis (89,99) e A. pyrifolium (40,22). Essas mesmas espécies também apresentaram altos valores de VI no trabalho de Lucena (2009). Já no trabalho de Ferraz et al. (2006), realizado no sertão de Pernambuco, identificou-se como espécies mais importantes de acordo com o VI o Ziziphus joazeiro, Crataeva tapia e Lonchocarpus sericeus. Comparando os resultados do presente estudo com os de Ferraz et al. (2006) verifica-se que P. pyramidalis e A. pyrifolium são menos importantes no sertão Pernambucano porque no ordenamento do VI aparecem na 12a e na 23a posição, respectivamente.

Nas entrevistas etnobotânicas consideraram-se todas as espécies botânicas conhecidas pela população local e registraram-se 84 plantas, sendo identificadas 66 espécies, pertencendo a 57 gêneros e 31 famílias, não tendo sido possível identificar e classificar o material correspondente a 15 plantas (Tabela I). O inventário etnobotânico pôs em evidência o conhecimento de um vasto elenco de plantas úteis por parte dos moradores do semiárido nordestino. Os resultados obtidos no presente estudo estão de acordo com a informação disponível para outra área do semiárido, em Alagoinha no Pernambuco, na qual Albuquerque e Andrade (2002a) registraram 75 espécies úteis. Outros trabalhos realizados na caatinga determinaram também espécies úteis conhecidas pelas populações locais, contudo, se restringindo a espécies lenhosas (Ferraz et al., 2005; 2006; Lucena et al. 2007, 2008), o que difere do presente estudo, que considerou tanto plantas lenhosas, como as de porte herbáceo.

As espécies consideradas úteis, nesse caso unindo as do inventário fitossociológico com o etnobotânico, foram distribuídas em nove categorias de uso, destacando-se a categoria forragem (52 espécies), devido ao grande número de espécies herbáceas, cactáceas e bromeliáceas utilizadas na alimentação dos rebanhos locais (Fig. 2). Destacaram-se também as categorias medicinal (39 espécies) e tecnologia (28 espécies). O peso da categoria forragem também foi registrado por Ferraz et al. (2006) em uma comunidade rural no sertão de Pernambuco, motivo este associado a tradição local na criação de animais, tradição também registrada em Bom Sucesso.

O grande número de espécies reconhecidas no tratamento médico local no presente estudo é, de certa forma esperado, visto que, muitos estudos etnobotânicos tem evidenciado a importância de plantas locais no tratamentos de enfermidades, tanto para pessoas como para animais (Monteiro et al., 2006; Lucena et al., 2007; Lucena, 2009; Almeida et al., 2010), principalmente espécies como Anadenanthera colubrina e Myracrodruon urundeuva, ambas muito utilizadas para fins medicinais, além das mesmas serem muito estudadas em virtude de seus riscos de extinções locais, como evidencia as listas nacionais e internacionais de espécies em risco de extinção.

Já no caso da categoria tecnologia, a mesma não vem sendo evidenciada em destaque em outros estudos, como aconteceu em Bom Sucesso, no qual a comunidade utiliza, principalmente, a madeira para confeccionar ferramentas de uso cotidiano, como cabos de machado e enxada. Geralmente, dentro das categorias de usos madeireiros, sempre se destacam as categorias combustível e construção (rurais e domésticas), como apresenta a literatura (Ferraz et al., 2006; Lucena et al., 2007; Albuquerque et al., 2009; Ramos et al., 2008a,b; Lucena, 2009), o que pode ter levado esse destaque do uso tecnológico na comunidade estudada é pelo fato da mesma ter como principal fonte de renda as atividades agrícolas. Também evidenciado no presente estudo, em que o uso da lenha e de estacas de madeira para delimitar territórios são bastante contudentes no local, demonstrando que, ao passo em que a vegetação é extremamente importante para a comunidade, o manejo adequado destes recursos torna-se imprescindível.

Registrou-se no inventário geral um total de 2451 citações de uso, representando uma média de 74,2 citações por informante. Deste número total, 1200 (correspondendo a citações de 34 espécies) são de uso madeireiro, e 725 (64 espécies) de uso não madeireiro. Assim como no presente estudo, as categorias de uso madeireiro também vêm se destacando em outros estudos desenvolvidos na caatinga (Albuquerque e Andrade, 2002b; Ferraz et al., 2005; Lucena et al., 2007; Lucena, 2009), evidenciando a grande utilização das espécies de porte lenhoso, o que por sua vez, pode está colaborando para uma pressão de uso dessas espécies, já que tais usos são amplamente destrutivos e, geralmente, não seguem um manejo sustentável. Contudo, tornam-se necessários estudos específicos que avaliem tal situação, principalmente distinguindo os usos efetivos dos usos que não são requisitados no cotidiano das pessoas, pois tal distinção pode trazer perspectivas diferenciadas sobre as espécies mais importantes localmente, como aquelas que possam estar sofrendo pressões de uso, como enfatiza Lucena et al. (2012).

O caule é a parte da planta mais utilizada (44.83%), principalmente como combustível (por exemplo, lenha), nas construções rurais (por exemplo, construções de cercas) e em artefatos tecnológicos (por exemplo, cabos de ferramentas), seguida pela casca (14.72%), utilizadas para fins medicinais; o fruto (12.64%) utilizado na alimentação; a folha (7.46%), principalmente, para forragem e a raiz (0.12%) também utilizada para fins medicinais. O uso da madeira (tronco), no que diz respeito aos diversos produtos que oferece, atende a diversas necessidades locais, no entanto, os impactos gerados pela sua extração devem ser cuidadosamente analisados, uma vez que, muitas práticas de coleta resultam na morte do vegetal, principalmente quando se trata da retirada da casca para fins medicinais, como mencionado por Almeida e Albuquerque (2002).

O predomínio de uso da casca e do caule lenhoso (em sua maioria), também foi registrado em outros estudos realizados em diferentes ecossistemas (Galeano, 2000; Tacher et al., 2002; Dalle e Potvin, 2004; Cunha e Albuquerque, 2006; Lucena, 2009).

A maioria das espécies (69 spp.) recebeu de um a cinco usos, como por exemplo, Bauhinia cheilantha, Maytenus rigida e Wilbrandia sp. Nove espécies tiveram entre seis e dez indicações de usos, como Anadenanthera colubrina, Mimosa tenuiflora e Schinopsis brasiliensi. As demais espécies se distribuíram nas outras faixas de uso, conforme evidenciado na fig. 3.

As espécies com maior número de citações de uso foram Aspidosperma pyrifolium (244 citações), Commiphora leptophloeos (229 citações) e Myracrodruon urundeuva (175 citações). Entretanto, a espécie mais versátil em relação à variedade de partes utilizadas foi C. leptophloeos (sete partes), da qual se faz uso da casca, entrecasca, folha, fruto, madeira, raiz e outras partes como o látex. Para esta espécie foram atribuídas seis categorias de uso: combustível, construção, forragem, tecnologia, medicinal e veterinário. Outras espécies como M. urundeuva, C. blanchetianus e P. pyramidalis apresentaram cinco categorias de uso e cinco partes usadas, respectivamente (vease tabela 1).

Oito classes de valor de uso (VU) foram estabelecidas, com intervalos de 1.0, como pode ser visualizado na fig. 4. Do total de espécies, 69% foram incluídas na classe 1. As espécies que se destacaram com maior valor de uso foram A. pyrifolium com VU de 7,72, seguido de C. leptophloeos (VU = 7.30), M. urundeuva (VU = 5.30) Spondias tuberosa Arruda (VU = 4.75) e P. pyramidalis com valor de uso de 4.15. Outros estudos etnobotânicos realizados na caatinga também registraram altos valores de usos para essas espécies (Ferraz et al., 2006; Lucena et al., 2007; Lucena, 2009). Um número relevante de espécies úteis apresentou baixos valores de uso, indicando que os valores mais altos se concentraram entre poucas espécies, um fenômeno que tem sido observado em outros estudos com mesmo enfoque (Albuquerque et. al., 2005, Cunha e Albuquerque, 2006, Ferraz et al., 2006, Galeano, 2000). A. pyrifolium e P. pyramidalis devido a seu alto valor de uso, podem ser indicadas como espécies que necessitem uma maior atenção em futuros estudos de conservação. Lucena et al. (2007) e Lucena (2009) também encontraram esta correlação, justificando que o mesmo se deve ao fato dessas espécies serem utilizadas, principalmente, nas categorias construção e combustível. Contudo, para que tal recomendação possa acontecer torna-se necessário estudos mais específicos, analisando a quantidade e frequências com que essas espécies são extraídas da vegetação.

O método do valor de uso empregado na análise dos dados remete a estimativas acerca do valor utilitário de uma espécie (Albuquerque et al., 2009) para determinada comunidade, limitando à investigar o conhecimento acerca do uso dos recursos vegetais. Para analisar a pressão de uso sobre uma dada espécie é necessário à aplicação de métodos que coletem informações sobre o uso real dos recursos, isso inclui a quantidade de materiais coletados e a freqüência com que isso acontece.

A análise do valor de uso também evidenciou que o potencial utilitário se concentra num pequeno grupo de espécies. Segundo Albuquerque e Oliveira (2007) a presença de várias espécies com usos idênticos pode afetar positivamente a conservação destas. As espécies com maior valor de uso são mais versáteis em termos de potencial utilitário. Por outro lado, Alves e Rosa (2006, 2007), ressaltam que a multiplicidade de usos pode ser fator adicional de pressão sobre as espécies exploradas, portanto seus impactos devem ser corretamente avaliados e contextualizados.

Como observado por Lucena et al. (2007), Oliveira et al. (2007) e Lucena (2009), as plantas da Caatinga normalmente têm múltiplos usos, embora muitas vezes o uso atual não seja distinguido do uso cognitivo (uso conhecido, mas são requisitado atualmente no cotidiano da comunidade), segundo o qual, aquilo que é citado pelo informante, não necessariamente este o faz uso. Pressupondo a necessidade de análises mais detalhadas, para a confirmação destes usos. Albuquerque (2006) propôs a hipótese da sazonalidade climática, que afirma que populações com acesso a florestas secas sazonais normalmente favorecem a utilização de espécies lenhosas, já que estas fornecem recursos o ano inteiro. Com isso, a extração dos produtos madeireiros deve ser avaliada com base nas informações de uso e demanda real desses recursos. A fidelidade destas informações é indispensável para desenvolver estratégias de uso e manejo destes recursos na região, partindo do estabelecimento de técnicas de extração que evitem a morte desnecessária da planta.

Considerações finais

O presente estudo buscou apenas realizar um levantamento etnobotânico das espécies utilizadas pela população local, essa inferência sobre a pressão de uso e conservação das espécies da região, fica limitada, podendo no máximo, sinalizar espécies que precisem de um estudo mais aprofundado para verificar sua atual e real situação de uso e conservação nas áreas de vegetação da comunidade estudada.

A partir das informações registradas no presente estudo, evidencia-se a importância econômica, social e cultural dos recursos botânicos disponíveis na área de Caatinga onde a comunidade Bom Sucesso está inserida. O levantamento etnobotânico das espécies úteis associado à inferência acerca da pressão de uso, limitam o estudo à sinalizar espécies que precisam de dados mais aprofundados acerca de sua real situação de uso, em vistas à conservação.

Percebe-se a necessidade de outros levantamentos etnobotânicos realizados no Estado da Paraíba, visto que a maioria dos estudos na referida área são desenvolvidos em outras regiões do Nordeste. Além disto, também se torna necessário a realização de teste de hipóteses etnobotânicas em comunidades rurais do semiárido paraibano, para que possa analisar se o uso dos recursos vegetais neste estado está seguindo ou não o padrão de uso dos mesmo em outras regiões da Caatinga. A partir de tal conhecimento, poderá se determinar o grau de pressão de uso que uma espécie está sofrendo a nível regional, e não mais local.

 

REFERÊNCIAS

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