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Investigación bibliotecológica

On-line version ISSN 2448-8321Print version ISSN 0187-358X

Investig. bibl vol.27 n.59 Ciudad de México Jan./Apr. 2013

 

Artículos

 

Das concepções disciplinares na Ciência da Informação e/ou de suas configurações epistemológicas: o desiderato percepcionado da interdisciplinaridade

 

Disciplinary Conceptions of Information Science and the epistemological desideratum of interdisciplinarity

 

Jonathas Luiz Carvalho Silva*

 

*Universidade Federal do Ceará, Brasil. jonathascarvalhos@yahoo.com.br

 

Artículo recibido: 22 de agosto de 2012.
Artículo aceptado: 29 de septiembre de 2012.

 

RESUMEN

Discute las percepciones disciplinares y sus derivados, con énfasis en la interdisciplinariedad y sus perspectivas de aplicación en Ciencias de la Información. Reflexiona sobre un punto de vista epistemológico sobre el diseño de un diálogo interdisciplinario con los teóricos y estudiosos de diversos enfoques globales, así contempla la aplicación de los principios y las teorías de este campo interdisciplinario del conocimiento en la metodología de la literatura a nivel de diseño de la encuesta exploratoria. Concluye que la ciencia de la información tiene un conjunto interdisciplinario de las percepciones que se aplican en función de los individuos sociales, históricas y científicas por lo particularizado en el campo de las humanidades y las ciencias sociales y ciencias de la salud.

Palabras clave: Ciencias de la Información; La interdisciplinariedad; La multidisciplinariedad; Transdisciplinariedad; Disciplinariedad.

 

ABSTRACT

This work discusses disciplinary perceptions and their derivatives with emphasis on interdisciplinarity and its prospects for application in Information Science. The author reflects on the epistemology entailed in designing an interdisciplinary dialogue with theorists and scholars regarding interdisciplinary approaches to Information Science. This paper contemplates the application of principles and theories of interdisciplinary approaches to the construction of knowledge. Findings suggest Information Science employs an interdisciplinary set of perceptions that are brought to bear depending on the particular social, historical and scientific approaches applied to the humanities, social sciences, and health sciences.

Keywords: Information Science; Interdisciplinarity; Multidisciplinarity; Transdisciplinarity; Disciplinarity.

 

INTRODUÇÃO

As reflexões aferidas na ciência contemporânea, em seu teor teórico e epistemológico, especialmente a partir do Século XX, têm deliberado um conjunto de discussões que invocam a necessidade de apelos eminentemente práticos e imediatos que incidem forte influência nas tomadas de decisões políticas, econômicas, e educacionais. unto com esse conjunto de percepções científicas da contemporaneidade que buscam romper com os padrões reflexivos da ciência moderna,1 é preciso atentar para a construção de perspectivas teóricas que possam ser realizadas, visando, de um lado, propor a solução de problemas e, de outro lado, conceber funções perceptivas de possibilidades e realizações.

Contudo, as implicações científicas na contemporaneidade circunscrevem–se em uma concepção triádica que envolve a noção de complexidade, referente a uma configuração percepcionada da realidade que busca compreender a totalidade dinâmica (estrutura, gênese e dinâmica) por meio de contextos (Morin, 1994); instabilidade que envolve elementos de multicausalidades e não–linearidade e subjetividade que é imanente a um processo de produção e contextualização do conhecimento.

Essa tríade desemboca em uma percepção teórico–conceitual de ciência configurada no dizer de Gadamer (1983: 84) quando afirma que a ciência "[...] se encontra não só conhecimento, mas uma permanente elaboração do saber do homem em relação a si mesmo".

Essa constante produção de conhecimentos e elaboração do saber em uma tessitura intersubjetiva remete a construção de subsídios teóricos, epistemológicos e ontológicos que possam ser aplicados e compreendidos na realidade política, cultural e cotidiana. Assim, observamos que a realidade social na contemporaneidade está atrelada a indícios comumente pouco harmoniosos e marcados como afirma Lyotard (1998) pela fragmentação e a heterogeneidade.

Desse modo, os fundamentos teóricos e epistemológicos da ciência na contemporaneidade incidem sobre a construção de movimentos intencionalmente construídos com o caráter teleológico de oferecer maior consistência e solidez as práticas científicas, políticas, econômicas e educacionais.

Nesse processo, podemos inserir a concepção de interdisciplinaridade. Pensar a interdisciplinaridade se configura como elemento premente para compreensão da realidade humana e social, bem como se apresenta como insumo reflexivo para construção de sentidos no que toca a produção, organização e socialização do conhecimento. Fazenda (1994: 28–29) nos revela que a:

Interdisciplinaridade não é categoria de conhecimento, mas de ação; a interdisciplinaridade nos conduz a um exercício de conhecimento: o perguntar e o duvidar; interdisciplinaridade é a arte do tecido que nunca deixa ocorrer o divórcio entre seus elementos, entretanto, de um tecido bem trançado e flexível. A interdisciplinaridade se desenvolve a partir do desenvolvimento das próprias disciplinas.

A citação acima promove uma conotação do caráter pedagógico e mobilizador que a interdisciplinaridade apresenta no âmbito da ciência e sociedade contemporâneas. Em outras palavras, promove uma conotação do caráter de ação e exercício de conhecimento que a interdisciplinaridade apresenta.

Como afirma Gadotti (2004) a interdisciplinaridade tem como finalidade superar a fragmentação e o caráter de especialização do conhecimento, causados por uma epistemologia de tendência positivista em cujas raízes estão o empirismo, o naturalismo e o mecanicismo científico do início da modernidade. A interdisciplinaridade deve ser vista não somente como fenômeno epistemológico e pedagógico, mas também político e cultural, haja vista que está relacionada aos diversos contextos da humanidade.

O presente estudo busca discutir sobre as percepções disciplinares e seus derivativos com ênfase na interdisciplinaridade e suas perspectivas de aplicação na Ciência da Informação (CI). Para tanto, dividimos o discurso em dois momentos: o primeiro concerne a uma visão epistemológica acerca da interdisciplinaridade concebendo um diálogo com teóricos e estudiosos diversos em nível global e nacional e o segundo sobre a interdisciplinaridade na CI contemplando a aplicação de princípios e teorias da interdisciplinaridade neste campo do conhecimento.

 

ENTRE O MULTIDISCIPLINAR E O TRANSDISCIPLINAR: VISÃO CRÍTICO–EPISTEMOLÓGICA SOBRE INTERDISCIPLINARIDADE

Percebemos que falar sobre interdisciplinaridade é uma tarefa um tanto quanto difícil, principalmente por se tratar de um termo escorregadio e de difícil compreensão epistemológica. A interdisciplinaridade nos remete a uma reflexão ampla e concomitantemente vaga. Ampla pela sua densidade epistemológica e pelos diversos campos envolvidos (educacional, social, político, econômico, científico...); vaga em virtude de sua dispersão epistemológica e diversidade de significações e discussões.

Isso se justifica por dois motivos: o primeiro é inerente as dificuldades epistemológicas em conceber um conceito mais sólido e estável a interdisciplinaridade; o segundo segue como corolário do primeiro a medida que se insere uma gama de terminologias relacionadas a interdisciplinaridade que dispersam ainda mais sua construção de sentido como multidisciplinaridade ou pluridisciplinaridade, e transdisciplinaridade, além evidentemente da concepção limiar de disciplinaridade.

A interdisciplinaridade tem forte apelo no meio acadêmico que se deve ao movimento de professores e estudantes que começa a se estabelecer na década de 1960 na Europa (principalmente na França e Itália), onde as discussões giravam em torno de uma nova proposta para a educação apresentando como exemplos exponenciais os estudos de Snow (1959), Kapp (1961), Gusdorf (1967), Piaget (1972), Palmade (1979), Vygotsky (1986).

Discutir ou buscar uma definição para o termo não é fácil, já que se configura como procedimento complexo e de uma estrutura hermenêutica densa. Inicialmente, por uma confusão terminológica no processo de apreensão, haja vista que a significação epistemológica de interdisciplinaridade é comumente associada ou confundida com integração, interação ou até mesmo relação. Essa confusão, inclusive, tornou–se muito natural no transcorrer histórico, principalmente pela expectativa designada à interdisciplinaridade.

É possível atentar que o próprio conceito de interdisciplinaridade não apresenta univocidade. Verificamos uma variedade de conceitos sobre interdisciplinaridade concebidos em perspectivas diversas. Piaget (1972) considera a interdisciplinaridade como intercâmbio mútuo e integração recíproca entre disciplinas variadas, visando um enriquecimento recíproco.

O conceito acima indicado deve se configurar como teor embrionário semântico da interdisciplinaridade, de modo que contempla a percepção de reciprocidade entre disciplinas e um processo construtivista das disciplinas.

Segundo Japiassu (1976), à interdisciplinaridade faz–se mister a intercomunicação entre as disciplinas, de modo que resulte uma modificação entre elas, através de diálogo compreensível, uma vez que a simples troca de informações entre organizações disciplinares não constitui um método interdisciplinar.

Este conceito procura uma aplicação mais incisiva sobre interdisciplinaridade por dois motivos: o primeiro atenta para uma premissa epistemologicamente constituída por meio de um contexto intercomunicativo, com vistas a promoção de modificações recíprocas entre as disciplinas; já o segundo atenta para uma premente diferenciação etimológica e epistêmica da interdisciplinaridade no que tange a sua construção de sentidos teóricos e aplicativos.

Isso implica dizer que a interdisciplinaridade possui, a priori, uma configuração identitária afirmativa no sentido de se constituir como elemento autêntico e diferenciado. Porém, em termos práticos e gnosiológicos, a interdisciplinaridade não tem sido contemplada de forma efetiva.

Já Palmade (1979) é mais ousado quando entende a interdisciplinaridade como uma integração interna e de concepção que rompe a estrutura de cada disciplina para construir novos axiomas com vistas a estabelecer uma visão unitária do saber.

O conceito aduzido não compreende a interdisciplinaridade como simples processo de justaposição, mas como instrumento mais geral entre duas ou mais disciplinas que a partir de uma minuciosa integração interna busca um afunilamento, visando promover uma concepção unívoca do saber por meio da modificação de estruturas axiomáticas.

Dessa forma, percebemos que a interdisciplinaridade possui um conjunto de conceitos tão diversificados que sua compreensão teórica e epistemológica não deve ser enclausurada, ora por um exacerbado generalismo, ora por um estigma da especialidade. Esses conceitos são passíveis de grandes flutuações teórico–epistemológicas e metodológicas em face das contextualizações variadas dos estudiosos e das suas perspectivas de aplicabilidade.

Contudo, o ideário conceitual da interdisciplinaridade pode ser mais amplamente discutido a partir de suas ramificações terminológicas que partem do radical disciplina e engloba ainda, além da interdisciplinaridade, trandisciplinaridade, multidisciplinaridade ou pluridisciplinaridade.

Recorrendo a noção de disciplina Japiassu (1976: 61) afirma que é uma "progressiva exploração científica especializada numa certa área ou domínio homogêneo de estudo". Isso implica que a concepção de disciplina envolve a pretensão de estabelecer e definir fronteiras, partindo da determinação de seus objetos de estudo, de seus métodos e sistemas, bem como de seus conceitos e teorias.

A pluridisciplinaridade pode ser entendida, conforme Delattre (1973) como associação de disciplinas que concorrem para uma realização comum, mas sem que cada disciplina tenha que modificar sensivelmente a sua própria visão das coisas e os seus métodos próprios. Isso significa que a pluridisciplinaridade pode ser vista como uma combinação teleologicamente comum em um mesmo patamar, evitando, assim, arbitrariedades e subordinações disciplinares. A transdisciplinaridade pode ser concebida a partir de Pombo (1994: 13), como a:

[...] unificação de duas ou mais disciplinas tendo por base a explicitação dos seus fundamentos comuns, a construção de uma linguagem comum, a identificação de estruturas e mecanismos comuns de compreensão do real, a formulação de uma visão unitária e sistemática de um setor mais ou menos alargado do saber.

A transdisciplinaridade está intrinsecamente concatenada a noção de rompimento, de sorte que rompe barreiras por meio de uma integração disciplinar buscando superar as diferenças e conceber uma unidade do saber a partir do estabelecimento de perspectivas teóricas, epistemológicas, metodológicas e práticas de comum acordo.

Acreditamos que a percepção de interdisciplinaridade, pluridisciplinaridade, transdisciplinaridade não deve ser vista de forma isolada, mas sim de forma combinada e continuada. O pensamento de Pombo (2003: 3) é bastante promissor para elucidar de forma continuada a perspectiva triádica da inter, pluri/multi e trans disciplinaridade quando afirma que:

A ideia é a de que as tais três palavras, todas da mesma família, devem ser pensadas num continuum que vai da coordenação à combinação e desta à fusão. Se juntarmos a esta continuidade de forma um crescendum de intensidade, teremos qualquer coisa deste género: do paralelismo pluridisciplinar ao perspectivismo e convergência interdisciplinar e, desta, ao holismo e unificação transdiciplinar. Se esta proposta tivesse aceitação entre a comunidade daqueles que pensam estas questões, teríamos aqui uma forma simples de nos entendermos. Quando estivéssemos a falar de pluridisciplinaridade ou de multidisciplinaridade, estaríamos a pensar naquele primeiro nível que implica pôr em paralelo, estabelecer algum mínimo de coordenação. A interdisciplinaridade, pelo seu lado, já exigiria uma convergência de pontos de vista. Quanto à transdisciplinaridade, ela remeteria para qualquer coisa da ordem da fusão unificadora, solução final que, conforme as circunstâncias concretas e o campo específico de aplicação, pode ser desejável ou não.

Atentamos que o entendimento de disciplina demanda um processo de construção teórico–epistemológica e pedagógica que pode ocorrer de modo convergente, diverso ou complementar. No contexto teórico–epistemológico apresentamos os processos de produção e construção do conhecimento, além dos estudos sobre a ciência e os métodos que relacionam sujeito cognoscente e a realidade. Já na questão pedagógica é comum as discussões acerca da educação e do ensino, bem como os programas curriculares e aprendizagem na perspectiva escolar. A figura a seguir sintetiza o pensamento de Pombo (2003):

Ressaltamos que da dimensão disciplinar surgem os movimentos embrionários para se pensar um conjunto de relações; o paralelismo pluridisciplinar se configura no princípio teórico–metodológico das relações entre disciplinas que visam conceber uma coordenação limiar entre as disciplinas; a interdisciplinaridade se constitui em uma ocorrência de um processo de convergência e harmonização entre as disciplinas; finalmente, a transdisciplinaridade se efetiva como produto resultante das relações disciplinares atentando para os procedimentos de ação e aplicação em comum acordo entre as disciplinas.

De certo modo, a autora se baseia na construção percepcionada por Piaget (1972) que indica a transdisciplinaridade como uma etapa superior que sucede as relações pluridisciplinares e interdisciplinares a partir de um discurso integrado e unificado de disciplinas.

A transdisciplinaridade seria então reconhecida, em seu bojo como elemento resultante de um processo cientificamente construído pelas disciplinas a partir de suas etapas pluridisciplinares e interdisciplinares.

Enfim, observamos quão difícil é pensar a interdisciplinaridade em face de suas múltiplas percepções. Todavia acreditamos que se há um conjunto de estudos, conceitos e reflexões sobre interdisciplinaridade e suas derivações, além de possibilidades de aplicações e realizações é porque possui um apelo teórico–prático efetivamente necessário no contexto científico, político, econômico e educacional (escolar e acadêmico).

 

DO(S) OLHAR(ES) DISCIPLINAR(ES) E INTERDISCIPLINARES NA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO: MÚLTIPLAS PERCEPÇÕES

Na CI a interdisciplinaridade tem sido marcadamente comentada e estudada como uma das características inerentes a sua configuração epistemológica. Pinheiro (2005) afirma que a década de 1960 (1961/62 a 1969) é crucial para firmar o caráter interdisciplinar da CI, mas sem a ocorrência de um aprofundamento.

A ênfase na interdisciplinaridade da CI ocorre em um momento em que a noção do que se conceitua como interdisciplinar ganha grandes proporções. A prova dessa efervescência da interdisciplinaridade no meio acadêmico se deve ao movimento de professores e estudantes que começa a se formatar a partir da década de 1960 na Europa (principalmente na França e Itália), onde as discussões giravam em torno de uma nova proposta pra a educação.

Assim, CI e interdisciplinaridade nascem como conceitos intrínsecos, pois enquanto a primeira está voltada para solução de problemas informacionais, a segunda se configura como instrumento de pesquisa para promover o desenvolvimento da educação e da ciência através da interação e do crescimento recíproco de duas ou mais disciplinas.

Reconhecendo a CI como interdisciplinar, vale a pergunta: como ocorre essa interdisciplinaridade? Como diz Japiassu (1976) a partir da observação da interdisciplinaridade como fenômeno de ação recíproca, que busca a modificação das disciplinas envolvidas a partir do compartilhamento de objetivos, é necessário verificar o cunho interdisciplinar da CI.  

Neste sentido então, seria de fundamental importância que a CI realizasse uma análise rigorosa sobre como seu arcabouço teórico é colocado em atividade objetiva a partir das áreas com as quais tem buscado dialogar (Gomes, 2001). Como são várias as disciplinas que deram origem à CI, além do fato dessa origem disciplinar não ser firmemente caracterizada, é preciso considerar que há níveis de interdisciplinaridade que compõem a CI. Isso significa dizer que o conceito de interdisciplinaridade possui múltiplos significados e aplicações. García Gutiérrez (2011) estabelece uma análise entre os conceitos fechados (são previamente conhecidos e previsíveis) e conceitos abertos (possuem múltiplas possibilidades de interpretação através de um processo hermenêutico).

Entendemos que o conceito de interdisciplinaridade é eminentemente aberto promovendo múltiplas possibilidades de interpretação e aplicação no campo da CI que, por sua vez, possui um conceito mais fechado por se tratar de um campo do conhecimento estratégico com a finalidade de resolver problemas de informação (Saracevic, 1992; Wersig, 1993) e abranger disciplinas profissionais como a Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia para promover sustentação teórico–epistemológica e acadêmico–profissional. Assim, temos a adequação de um conceito extremamente aberto e imprevisível (interdisciplinaridade) com um conceito um pouco mais fechado (CI) com possibilidades mútuas de relações e aplicações entre si.

Várias são as teses defendidas pelos estudiosos afirmando a natureza interdisciplinar da CI. Entre as teses defendidas podemos mencionar o clássico artigo de Borko (1968), intitulado "Information science: what is it?" a CI possui relações interdisciplinares com as seguintes disciplinas e campos: Matemática, Lógica, Linguística, Psicologia, Tecnologia de computador, Pesquisa de operações, Artes gráficas, Comunicação, Biblioteconomia e Administração.

Estudiosos como Mikhailov, Chernyi e Gilyarevskyi (1969) revelam a natureza interdisciplinar da CI com a Biblioteconomia, a Semiótica e a Psicologia.

Saracevic (1992) nos indica ainda que a CI possui relações interdisciplinares de maneira fortemente marcada com quatro campos: Biblioteconomia, Ciência da Computação, Ciência Cognitiva (incluindo inteligência artificial– IA) e Comunicação.2

Diante dos apontamentos levantados, é possível identificar que a concepção interdisciplinar na CI não é única. Aliás, está bem longe disso. Porém, há razões que justificam essas flutuações interdisciplinares na CI: primeiramente pelo fato de que a natureza interdisciplinar da CI pode variar, conforme o pensamento de cada estudioso, conforme a realidade acadêmico–científica de cada país ou região; em segundo lugar, a interdisciplinaridade deve ser vista como fenômeno de construção histórica, o que permite variações disciplinares, conforme as necessidades do transcurso acadêmico, científico, social, político e econômico.

Conforme vimos nos aspectos conceituais, as premissas teórico–epistemológicas da interdisciplinaridade nos incitam conceber o pensamento de várias formas:

a) como processos de integração interna entre disciplinas;

b) como modificações de estruturais disciplinares contemplando as particularidades e generalidades das disciplinas;

c) atenção aos contextos geral e particular em que se insere a percepção de interdisciplinaridade; e

d) a sua condição de superação como fenômeno de combinação à fusão transdisciplinar.

Dentro das possíveis intercorrências interdisciplinares referentes à CI reconhecemos, de modo geral, que existem algumas fortes tendências como campo interdisciplinar porque se ocupa dos conhecimentos gerados no âmbito de diferentes disciplinas, a saber:

• a primeira tendência de uma interdisciplinaridade envolve a Biblioteconomia e extensivamente a Arquivologia e Museologia;

• a segunda com a Ciência da Computação;

• a terceira se insere com a Ciência Cognitiva no contexto da Psicologia e Linguística;

• a quarta indica a Comunicação;

• a quinta é referente a um contexto das ciências sociais e humanas, como a Filosofia (epistemologia e filosofia da informação), Sociologia (fundamentos sociais, a sociedade da informação, sociologia da ciência e sociologia do conhecimento) e História (estudos sobre arquivo, museu e preservação da memória);

• a sexta está voltada para a Administração (gestão da informação) e Economia; e finalmente, a sétima, envolve as Ciências da Saúde.

Designamos, então, essas intercorrências de as "7 (sete) percepções interdisciplinares" da CI. Atribuímos o termo percepção como possibilidades diversas de ver a CI como interdisciplinar. Isso significa dizer que a interdisciplinaridade na CI não deve simplesmente ser vista como um fenômeno natural e global que ocorre de qualquer forma e em qualquer contexto, respectivamente.

Por isso, essas percepções são possibilidades de integração disciplinar que a CI pode estabelecer dependendo de sua realidade acadêmica, científica, geográfica, social, política e cultural. Em outras palavras digamos que a interdisciplinaridade na CI diante das 7 (sete) percepções aduzidas podem se configurar como um vir a ser, isto é, um conjunto de processos que se manifesta e perpetua, conforme as necessidades percebidas em sua trajetória. Por sua vez, essas percepções interdisciplinares possuem particularidades que merecem um olhar mais cauto por quatro motivos:

a) o primeiro indica que essa interdisciplinaridade é potencial, ou seja, pode ocorrer em determinados contextos evitando as generalizações e postulando a incorporação de uma fundamentação macroepistemológica da interdisciplinaridade da CI que não deve ser evidenciada como uma condição natural, mas como postulado construtivista que pode ser aplicado em proposições acadêmicas, científicas, educacionais, políticas, e/ou econômicas;

b) em segundo lugar, observamos um grau de desproporção de equivalência interdisciplinar na CI, pois como destaca Pinheiro (1999: 175–176), observando os estudos sobre interdisciplinaridade no campo da CI considera que "[...] a Ciência da Informação incorpora muito mais contribuições de outras áreas, do que transfere para essas um corpo de conhecimentos gerados dentro de si mesma";

c) o terceiro está situado no quesito que geralmente os termos que possuem o prefixo "inter" implicam uma posição de fraqueza (por exemplo, intervalo de tempo, intervalo, interregno, e algo provisório) (Buckland, 2011: 7);

d) o quarto verifica que a natureza interdisciplinar da CI foi comprovada em vários estudos, a partir do interesse no campo por profissionais de diversas áreas e afins se constituindo como um campo em ascensão (Prebor, 2010: 257).

Isso significa dizer que a CI possui variados graus ou níveis de interdisciplinaridade. Esses graus ou níveis podem ser mensurados a partir das premissas de Heckhausen (1972), Boisot (1972) e Palmade (1979).

A primeira percepção interdisciplinar é uma marca histórica da CI. Mikhailov, Chernyi e Gilyarevskyi (1973) nos revelam que a grande natureza interdisciplinar da CI com a Biblioteconomia está na construção do objeto de estudo e de algumas atividades práticas em comum. Targino (1995) acredita que a CI possui uma relação interdisciplinar mais íntima com a Biblioteconomia e a Documentação, pois estas são mais conhecidas do grande público e se caracterizam como interdisciplinares por conservarem como objeto de estudo a informação.

Assim, Biblioteconomia e CI estão intimamente ligadas a práticas da informação que envolve os processos de representação da informação; sistemas de recuperação da informação de informação; necessidades e uso de informação; processamento automático da linguagem e bibliotecas digitais/virtuais (Pinheiro, 2006).

Nessa relação disciplinar e interdisciplinar CI e Biblioteconomia possuem grande contigüidade técnica e epistemológica. É preciso considerar que a CI é um campo mais amplo da Biblioteconomia, logo estão norteados por questões diferentes. Porém, falar em diferença não quer dizer que não possuam uma relação muito contígua.

Aliás, acreditamos que o termo mais adequado para tratar a relação entre CI e Biblioteconomia não seja campos diferentes, mas sim como disciplina relativa à Biblioteconomia, (estuda os processos informacionais aplicados a biblioteca) e campo, concernente a CI (estuda desde os campos específicos da informação aplicados, a biblioteca, arquivos e museus, assim como estuda estudos do fluxo da informação, estudos das conseqüências sociais das tecnologias da informação e estudos sobre a produção de conhecimento). Em suma, a Biblioteconomia pode ser considerada como uma disciplina da CI e, logo, ambas devem manter constante diálogo, visando fortalecer seu caráter epistemológico e disciplinar.3

Ademais, podemos afirmar que a marca interdisciplinar entre CI e Biblioteconomia (com extensividade a Arquivologia e Museologia) é a interdisciplinaridade unificadora, uma das modalidades propostas por Heckhausen. Conforme o próprio Heckhausen (1972) a interdisciplinaridade unificadora procede de uma coerência estreita dos domínios do estudo das disciplinas que resulta de uma aproximação dos níveis de integração teórica e dos métodos correspondentes.

Ponderamos inadvertidamente uma interdisciplinaridade unificadora entre a CI e a Biblioteconomia, pois seus campos teórico, epistemológico e metodológico possuem efetiva integração interna, assim como se apropriam de princípios e metodologias de outras áreas de conhecimento aferindo um processo de modificação estrutural e recíproca.

Podemos conceber também um processo de interdisciplinaridade linear. Conforme Boisot (1972) a interdisciplinaridade linear ocorre quando uma lei de uma disciplina transfere–se para outra através de um processo de extensão.

Desse modo, atentamos para uma pré–fixação axiomática macroepistemológica concernente a CI como campo do conhecimento para uma pós–fixação microepistemológica que é a Biblioteconomia (disciplina profissional) por meio de uma escala extensiva (a Arquivologia e Museologia).

A segunda percepção interdisciplinar concernente a CI e a Ciência da Computação envolvem, conforme Saracevic (1992):

a) aplicação dos computadores;

b) uso da computação na recuperação de informação;

c) representação da informação;

d) sua organização intelectual e encadeamentos; busca e recuperação de informação; e

e) qualidade, o valor e o uso da informação

f) a necessidade do uso da Inteligência Artificial para a construção de seus pressupostos teóricos e aplicativos.

Assim, entendemos que existe a possibilidade de uma interdisciplinaridade de engrenagem. Palmade (1979) considera que a interdisciplinaridade de engrenagem se dá quando os objetos de uma disciplina são constituídos pela estrutura global das relações entre os objetos de outra disciplina.

A interdisciplinaridade de engrenagem ocorre quando a CI se ocupa de pressupostos diversos da Ciência da Computação para se desenvolver como campo do conhecimento, principalmente no que se refere à construção do paradigma físico que postula estudos sobre aplicações de tecnologias, em caráter particular, digitais no âmbito da organização e recuperação de informação.

A terceira percepção possui uma complexidade e variedade de percepções, haja vista que a Ciência Cognitiva, também, conhecida como ciência da mente, teve um alargado crescimento em torno de três condições, conforme afirma Lima (2003: 81):

a) desenvolvimento da psicologia do processamento da informação, na qual a meta era especificar o processamento interno envolvido na percepção, linguagem, memória e pensamento;

b) invenção dos computadores e as tentativas de projetar programas que pudessem fazer tarefas que as pessoas fazem;

c) desenvolvimento da teoria da gramática generativa e outras derivações da lingüística.

Aqui nos interessa identificar a Ciência Cognitiva no contexto da Psicologia e da Linguística como potencial de integração disciplinar com a CI.4

No que tange a Psicologia temos um legado voltado para a compreensão dos processos cognitivos envolvidos no comportamento dos usuários, necessidades e usos da informação, o que evidentemente está diretamente ligado aos estudos de usuários.

Com relação a Linguística devemos ponderar como processo de intersecção na ciência contemporânea a natureza entre informação e linguagem como objetos associativos e complementares de estudo, o que insufla uma construção integradora entre CI e Linguística. Em seguida, observamos uma estreita ligação entre CI e Linguística a partir da Pragmática que envolve a análise do discurso que pode ser agregada no processo de análise documentária, representação e recuperação da informação.5

Observamos uma interdisciplinaridade auxiliar Heckhausen (1972), uma vez que a CI se ocupa de métodos e pressupostos da Psicologia e Linguística para construção de seus estudos, assim como a utilização desses métodos e pressupostos são partilhados entre as disciplinas sem perder as suas características específicas. Todavia, observamos que há um retorno mínimo da CI se comparado ao uso que ocupa da Psicologia e Linguística.

A quarta percepção interdisciplinar pode ser elucidada no pensamento de Saracevic (1992) a partir dos seguintes fatores:

a) um interesse compartilhado na comunicação humana;

b) a crescente compreensão de que a informação como fenômeno e a comunicação como processo devem ser estudadas em conjunto;

c) uma confluência de certas correntes de pesquisa;

d) algumas permutas entre professores; e

e) o potencial de cooperação na área da prática profissional e dos interesses comerciais/empíricos.

Potencialmente, acreditamos que a interdisciplinaridade entre CI e Comunicação é mais cotidiana, especialmente no processo acadêmico e nas práticas de ensino, pesquisa e aplicação profissional, além do uso das Tecnologias da informação e comunicação e dos processos e comunicação humana, em particular, a comunicação da informação científica e tecnológica.

A efetiva imanência entre comunicação e informação nos permite justificar um pensamento de integração disciplinar que se estabelece em seu bojo epistemológico como uma interdisciplinaridade complementar que significa de acordo com Heckhausen (1972) quando os domínios materiais de certas disciplinas se cobrem parcialmente, criando assim relações complementares entre os seus respectivos campos de estudo.

A quinta percepção interdisciplinar precisa ser detidamente analisada de forma particular. Em primeira instância, a percepção interdisciplinar entre Ciência da informaão e Filosofia se configura pela chamada filosofia da informação que incide sobre a construção de um conjunto de premissas teórico–epistemológicas que corroboram com o caminhar da CI e que podem auxiliar, particularmente, no processo de representação da informação e dos fundamentos teórico–epistemológicos. Normalmente a filosofia da informação é concebida por filósofos que fazem parte do cotidiano da CI, como Luciano Floridi (2002), Rafael Capurro (2003), dentre outros.

A filosofia da informação tem sido pensada em diferentes níveis, o que nos faz questionar suas reais percepções de relevância para a CI. Luciano Floridi (2002) levanta uma polêmica salutar para alavancar as reflexões sobre a filosofia da informação, principalmente quando questiona a epistemologia social de Shera (1977)6:

a) A Epistemologia social não pode fornecer bases filosóficas para a Biblioteconomia e CI de forma satisfatória;

b) A Filosofia da Informação é uma área filosófica que estuda a natureza conceitual da informação, sua dinâmica e suas ciências;

c) A crise da identidade enfrentada pela Biblioteconomia e Ciência da Informação (BCI) nas últimas décadas é resultado de uma tentativa equivocada de pensar a filosofia em níveis de resolução empírica, ou, o que dá no mesmo, pensar a BCI em nível de resolução filosófica.

Floridi nos revela, em seu pensamento, que um campo do conhecimento se constitui a partir de premissas como o que significa a CI? Qual o objeto da CI? Qual a natureza da informação? O pensar filosófico seria uma forma de responder as perguntas em questão, bem como serviriam para conceber uma delimitação mais precisa da CI, além de agregar valor aos contextos de pesquisa já existentes na área como as tecnologias de informação e comunicação, gestão da informação, inclusive de suas metodologias e processos que contemplam a produção, circulação, mediação, acesso, uso da informação e outros.7

Ainda podemos observar que a filosofia da informação seria muito útil para compreender a abstração da informação na CI, mas sem relegar os contextos historiográficos e sim atentando para a idéia de que a informação, para ser compreendida em um nível histórico e materializado necessita de uma fundamentação filosófica e abstrativa, especialmente no que tange aos procedimentos de organização documental e mediação de informação.

Destarte, observamos entre a CI e a Filosofia uma interdisciplinaridade compósita ou interdisciplinaridade em elaboração. Heckhausen (1972) revela que a interdisciplinaridade compósita une disciplinas diversas pela necessidade imperiosa de encontrar soluções técnicas para a resolução de problemas que resistem às contingências históricas em constante evolução.

Essa percepção interdisciplinar se justifica em virtude de que discussões em torno de uma filosofia da informação no seio da CI estão em um processo de constante elaboração, visando resolver problemas, especialmente de caráter teórico, no que tange a natureza conceitual da informação.

Quanto a percepção interdisciplinar no espectro da Sociologia podemos admitir que em um momento onde as reflexões sobre interdisciplinaridade começavam a ganhar vulto epistemológico e pedagógico Wersig e Nevelling (1975) consideram uma relação interdisciplinar entre CI e a sociologia da informação. Como complemento Klein (1996) visualiza a interdisciplinaridade no contexto da Sociologia da Ciência.8

O Século XX, no contexto das ciências humanas e sociais, foi fortemente marcado por uma concepção sociológica que fomentou diversos estudos na CI. A epistemologia social de Shera, mencionada, na tendência interdisciplinar anterior, é um exemplo. O fenômeno da Sociedade da Informação e as tecnologias de informação e comunicação foram elementos cruciais para aproximar e estabelecer uma percepção interdisciplinar entre CI e Sociologia, de sorte que aprofundaram os processos de comunicação da informação científica e tecnológica e os estudos métricos da informação.

Portanto, podemos indicar uma interdisciplinaridade auxiliar (Heckhausen, 1972) em virtude de que a CI se ocupou de métodos e teorias da Sociologia9 a fim de construir seus fundamentos teóricos e sociais. Podemos destacar a contribuição de alguns autores da Sociologia para a CI: Thomas Kuhn (1962); Lucien Goldmann (1970); Bernd Frohmann (1995); Bruno Latour (1999); Manuel Castells (1999; 2000) e outros.

No que se refere a interdisciplinaridade com a História, destacamos como ponto central os estudos sobre memória que estabelecem uma aproximação entre ambas as áreas do conhecimento. É possível afirmar que o eixo central que liga a CI e a História é o estudo sobre Memória. A ligação entre História e Memória pode ser atestada quando Le Goff (1994) afirma ser a história filha da memória.

O discurso de Le Goff pode ser compreendido a partir da concepção de que a Memória se constitui como o artefato/documento preservado, enquanto a História seria a área do conhecimento que necessitaria desse artefato/documento para expressar suas visões sobre a realidade humana e social.

Quanto a ligação entre CI e Memória é inerente as perspectivas deste campo do conhecimento em estudar os processos de preservação da memória que engloba a preservação dos documentos orais e escritos que constem as experiências de uma determinada comunidade, local, região, nação ou patrimônio material/imaterial, especialmente aplicados a centros de informação (bibliotecas, arquivos, museus, centros de cultura e documentação).

Como destaca Lucas (1998) os lugares da memória podem ser classificados em três aspectos: o primeiro são os lugares topográficos como as bibliotecas, arquivos e museus; o segundo pode ser aplicado em lugares funcionais, a que pertencem os manuais, as autobiografias ou as associações; e o terceiro são os lugares monumentais, que são os cemitérios ou as arquiteturas.

Destarte, a interdisciplinaridade entre CI e História pode ser concebida, por um lado, a partir de como os centros de informação narram ou estabelecem relações temporais entre fatos e acontecimentos sociais (comunitários, locais, regionais, nacionais e globais), visando promover a apropriação de informação pelo usuário, seja atentando para os processos de pesquisa (a construção de conhecimento inserida na atividade dos pesquisadores) ou da própria prática profissional e, por outro lado, como a História representa e organiza seus documentos/artefatos, com vistas a narração e estabelecimento de relações temporais sobre os fatos e acontecimentos promovendo novas proposituras interpretativas para a sociedade.

A sexta percepção interdisciplinar nos permite continuar no âmbito das ciências sociais em um contexto aplicado que é a Administração e a Economia. A Ciência da Administração nos revela um forte indício interdisciplinar com a CI por meio da Gestão da Informação e Gestão do Conhecimento, além da Inteligência Competitiva e das Tecnologias de Informação e Comunicação. Podemos ratificar dois tipos de interdisciplinaridade entre CI e Administração:

a) a primeira interdisciplinaridade é do tipo auxiliar (Heckhausen, 1972), pois há um conjunto de metodologias e conceitos da Ciência da Administração incorporados pela CI de modo recíproco. A interdisciplinaridade auxiliar se justifica conforme destacam Oliveira, Pinheiro e Andrade (2011: 67) em virtude de que "ambas as ciências, conjuntamente, em certas situações, entoam um dueto, sem perda de suas características específicas e se enriquecem mutuamente";

b) a segunda interdisciplinaridade é do tipo unificadora, pois vários conceitos, princípios e metodologias utilizados na Ciência da Administração foram também utilizados na CI, através de pressupostos originários de outras áreas, que aperfeiçoaram esses dois campos de conhecimento. Ressaltamos ainda que a relação entre Ciência da Informação e Ciência da Administração apresentam características do tipo "pseudo–interdisciplinar", que ocorrem entre disciplinas que somente adotam instrumentos de análise, ou mesmo práticas, que não lhes são próprios, mas, de outra(s) disciplina(s), utilizando–os interdisciplinarmente (Oliveira, Pinheiro, Andrade, 2011).

Ainda podemos considerar uma interdisciplinaridade entre CI e Ciência da Administração e também a Economia no que se refere a economia da informação.10 Essa integração disciplinar nos remete também a uma percepção interdisciplinar auxiliar (Heckhausen, 1972).

Pinheiro (1999) sintetiza que há disciplinas menos presentes entre as consideradas interdisciplinares, dentre as quais podem ser mencionadas a Ciência da Administração e Economia que estão ligadas, respectivamente ao planejamento e administração de unidades de informação em geral (bibliotecas, centros, sistemas, redes e serviços) e a avaliação de custo/beneficio e, ultimamente, nos aspectos da globalização.

Finalmente, a sétima percepção disciplinar nos remete as Ciências da Saúde. Essa perspectiva interdisciplinar é muito recente, além do que ocorre em questões muito particulares. Em primeira instância, entendemos que há uma percepção interdisciplinar quando se trata da relação entre informação e saúde. Essa relação se dá, sobretudo, na proposição dos serviços de informação (utilitária, referência, alerta e outros) no âmbito da saúde (pública, higiene, etc.) o que engendra, por conseguinte, uma intensa relação nos estudos sobre necessidades e satisfação dos usuários.

Vale destacar ainda as reflexões em comum entre CI e Ciências da Saúde sobre a nomenclatura daqueles indivíduos que utilizam determinados serviços (usuário, cliente...), especialmente a partir das Ciências da Saúde, o que influenciou sobremaneira as reflexões na CI. Vaitsman e Andrade (2005) nos revelam que no campo da saúde a partir da década de 80, outros termos começam a ser usados ainda, paralelamente, aos de paciente e usuário: consumidor e cliente.

É preciso considerar que a interdisciplinaridade entre CI e Ciências da Saúde pode também ser aferida através do campo de atuação do profissional de informação. Beraquet, Ciol e Beraldo (2011) afirmam que os profissionais da informação tem como ocupação central o desenvolvimento de novas formas de organização do conhecimento criando mecanismos de registro e recuperação de informação de bibliotecas diversas, visando a disseminação e o uso pela sociedade implicando afirmar que a proximidade com a produção científica nas várias áreas do conhecimento pode trazer subsídios para os profissionais ajudarem a consolidar a produção científica da Biblioteconomia e Ciência da Informação, sendo uma dessas disciplinas a Medicina e mais amplamente o campo da saúde.

Essa aproximação profissional e acadêmica entre CI e o campo da saúde tem permitido a construção de pressupostos teóricos e empíricos e contribuições mútuas. Por isso, observamos perspectivas interdisciplinares entre CI e Ciências da Saúde a partir de outros seguintes fatores, tais como: os estudos métricos de informação (bibliometria, cienciometria, informetria e webometria) aplicados a produção na área da Saúde; competência em informação na área de Saúde; políticas de informação científica e tecnológica no âmbito da Saúde e, em segunda instância, nos ideários de saúde pública que podem ser dialogados em estudos aplicados em centros e serviços de informação.

Vale considerar que esses assuntos também podem ser inseridos nas percepções interdisciplinares da CI com outras áreas, o que mostra ser a interdisciplinaridade entre CI e Ciências da Saúde um processo embrionário e que necessita de uma maturação mais efetiva para se consolidar.

Diante das percepções apresentadas como potenciais construtos perspectivo–históricos de interdisciplinaridade entre a CI e outras áreas do conhecimento observamos uma profunda diversidade, complexidade e possivelmente particularidades que essas percepções interdisciplinares são concebidas e inseridas. O quadro a seguir sintetiza a visão sobre as 7 (sete) percepções interdisciplinares da CI discutidas no presente estudo contemplando suas áreas e subáreas:

Observamos que a natureza interdisciplinar da CI é diversa e, muitas vezes, superficial ou mesmo potencial por dois motivos:

1. O primeiro é que a CI se ocupa dos pressupostos da Ciência da Computação, Psicologia, Linguística, Comunicação, Filosofia, Sociologia, Administração e Economia de acordo com uma conveniência acadêmico–científica que depende do contexto do pesquisador ou de uma determinada instituição atentando a uma estreita ligação para aplicação nos seus estudos;

2. Quando ocorre o uso dos pressupostos da Ciência da Computação, Psicologia, Linguística, Comunicação, Filosofia, Sociologia, Administração e Economia, a ideia de reciprocidade é mínima, o que pode enfatizar um espectro de unilateralismo disciplinar. Esse unilateralismo disciplinar costuma ocorrer quando uma disciplina se ocupa de outra(s) sem promover um diálogo que prime pela reciprocidade.

O unilateralismo disciplinar nos revela que não podemos simplesmente caracterizar naturalmente a CI como interdisciplinar sem procurar aprofundar as reflexões sobre os procedimentos para integração disciplinar e como esses procedimentos podem interferir nas disciplinas envolvidas.

Isso mostra que a CI necessita de um olhar mais cauto para pensar a interdisciplinaridade não somente como movimento unilateral ou teórico, mas também como movimento recíproco e teórico–prático. Do contrário, as interdisciplinaridades concebidas na CI serão vistas de forma parcial e superficial.

 

REFLEXÕES FINAIS

Falar em conclusão de um trabalho é algo um tanto quanto perigoso por diversos motivos, dentre os quais destacamos: o primeiro deles é que as pesquisas possuem suas limitações humanas, o que conota a apresentação de falhas e a redefinição gradual dos procedimentos no ato de pesquisar; a segunda é que as pesquisas geram novas discussões e proposições para o desenvolvimento de outras pesquisas. Por isso, será que um trabalho, incluindo este, seria passível de uma definição conclusiva? Acreditamos que não (Carvalho Silva, 2010).

A intencionalidade do presente estudo reside na reflexão sobre a interdisciplinaridade e suas variações teórico–epistemológicas contemplando sua aplicabilidade na CI. Embora inadvertidamente a interdisciplinaridade seja uma marca da CI é preciso considerar um conjunto de variantes e contextos que enfatizam essa marca interdisciplinar.

Observamos que essa interdisciplinaridade na CI varia, conforme as questões acadêmicas, científicas, políticas, educativas e culturais. De outro modo, pensamos que a interdisciplinaridade na CI tem uma variância histórica e social que vem mudando gradualmente, o que nos permite constatar que a interdisciplinaridade na CI apresenta uma concepção percepcionada atrelada às mudanças dos seus construtos epistemológicos.

Por exemplo, nas décadas de 1960/70, a Lingüística, a Psicologia e a Biblioteconomia eram consideradas como as principais áreas de interdisciplinaridade com a CI (Pinheiro, 2006). Porém, a partir da década de 1980, a Ciência da Computação e a Administração começam a se inserir efetivamente no rol de áreas interdisciplinares à CI.

Em linhas gerais, podemos observar que desde o seu limiar, a CI apresenta uma natureza interdisciplinar com a Biblioteconomia, de sorte que ambas estão preocupadas com práticas informacionais. Porém, a primeira está preocupada com uma prática investigativa no âmbito da informação em seus diversos vieses e suportes se consolidando como campo do conhecimento; já a segunda se preocupada com a prática informacional aplicada em centros de informação, especialmente a biblioteca se consolidando como disciplina profissional da CI. Por isso, podemos constatar que a CI possui uma trajetória intrinsecamente concatenada a Biblioteconomia.

Outrossim, entendemos que a Ciência da Computação é uma das áreas com maior crescimento interdisciplinar com a CI, principalmente no que toca ao desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação. Contudo, atentamos para o fato de que, embora a infra–estrutura tecnológica favoreça a interdisciplinaridade entre CI e Ciência da Computação, nem sempre há uma natureza interdisciplinar entre ambas.

Outra disciplina que, nos últimos anos, tem construindo exponencial caráter interdisciplinar com a CI é a Administração, no que toca o processo de globalização e o desenvolvimento da gestão da informação, gestão do conhecimento, inteligência competitiva e economia da informação (este último se estende a Economia).

As ciências cognitivas, considerando o âmbito da Psicologia e Linguística que se estabeleceram como interdisciplinares com a CI vêm perdendo espaço nos últimos anos.

Ademais, constatamos que a interdisciplinaridade na CI, especialmente com a Ciência da Computação, Linguística, Psicologia, Filosofia e Sociologia prevêem muito mais uma incorporação das contribuições dessas áreas, do que um retorno configurando, em muitos casos, um unilateralismo disciplinar. Atentamos para o fato de que todas as áreas mencionadas, com exceção da Ciência da Computação, possuem um corpus teórico mais sólido e consistente, o que estimula uma contribuição de saberes para várias outras áreas do conhecimento, como é o caso da CI sem um retorno efetivo.

 

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NOTAS

1 Podemos mencionar a superação da epistemologia positivista, mecanicista, empirista e naturalista. Todavia, essa superação é de nível relativista, uma vez que muitas práticas da epistemologia positivista, empirista e naturalista ainda permanecem nas construções científicas contemporâneas.

2 O próprio autor revela também que a Ciência da Informação estabelece relações interdisciplinares com outros campos, mas enfatiza os quatro campos como os mais marcantes e significativos.

3 É pertinente estender a concepção a Arquivologia (estuda os processos informacionais aplicados ao arquivo) e Museologia (estuda os processos informacionais aplicados aos museus) como constituintes disciplinares do campo científico da Ciência da Informação.

4 Vale ressaltar que além da Psicologia e Linguística, a Ciência Cognitiva também é um amálgama da Filosofia, Antropologia, Neurofisiologia e Ciência da Computação (Casti, 1989).

5 Os enfoques pragmáticos permitem novas soluções para problemas de ambigüidade semântica e sintática, que são de importância crucial na recuperação da informação (Baranow, 1983).

6 Em seu texto "Epistemologia Social, Semântica Geral e Biblioteconomia" Shera adverte que a epistemologia social deveria fornecer uma estrutura para a investigação eficiente de todo complexo problema dos processos intelectuais das sociedades – um estudo pelo qual a sociedade como um todo procura uma relação perceptiva com seu ambiente total. Levantaria o estudo da vida intelectual a partir do escrutínio do indivíduo para uma pesquisa sobre os meios pelos quais uma sociedade, uma nação ou cultura alcança a compreensão da totalidade dos estímulos que atuam sobre ela. O foco dessa nova disciplina seria a produção, fluxo, integração e consumo de todas as formas de pensamento comunicado através de todo o modelo social. De tal disciplina poderia emergir um corpo de conhecimentos e uma nova síntese da interação entre conhecimento e atividade social.

7 É interessante considerar que há uma resistência de diversos estudiosos no pensamento de Floridi, tais como: Ian Cornelius (2004) e Bernd Frohmann (2004). Mas é preciso pensar também que sua proposta nos remete a uma reflexão sobre a natureza da informação e seus pretensos esforços para identificação e mapeamento de problemas específicos que a Ciência da Informação deve estudar no contexto da informação.

8 A Sociologia da Ciência é vista como um ramo da Sociologia do Conhecimento que estuda as influências dos fatores sociais para o desenvolvimento da ciência apresentando forte relação com a história da ciência. Thomas Kuhn foi o principal impulsionador com a elaboração do livro "A estrutura das revoluções científicas", em 1962, mas que já vinha sendo pensado desde o final da década de 1940.

9 E mais amplamente se ocupou de métodos, técnicas e teorias das Ciências Sociais.

10 A economia da informação está diretamente ligada aos processos de gestão da informação, o que justifica essa integração disciplinar entre Ciência da Informação e Ciência da Administração. O termo "economia da informação" começou a aparecer na literatura econômica a partir de 1960. Na Ciência da Informação ele surgiu inicialmente relacionado a estudos de avaliação. Mais recentemente, na década de 1980, incluiu–se a abordagem de custos e eficácia de serviços de informação, seguindo–se discussões sobre o valor da informação para o usuário e a produtividade da informação no trabalho. (Fernandes, 1991).

 

INFORMACIÓN SOBRE EL AUTOR

*Jonathas Luiz Carvalho Silva

Universidade Federal do Ceará – Campus Cariri, Rua ManuelBalbino, 324 – Lagos Seca -Juazeiro do Norte – Ceará – Brasil CEP: 63041-30, Telefone: (88) 9620 0031 E-mail: jonathascarvalhos@yahoo.com.br

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